quarta-feira, 15 de abril de 2009

Diamantes da Serra Leoa

Assistam ao vídeo, tem tudo a ver com nosso blog! Feito por Daniel A. Leal da Silva ,Grupo D, 2007/2008.

quinta-feira, 2 de abril de 2009









Serra Leoa é um dos grandes produtores mundiais de diamantes, símbolos de ostentação e fortuna. Apesar disso, é um dos lugares mais miseráveis do mundo, ocupando o último lugar no índice de desenvolvimento humano da ONU.Arrasada por uma guerra civil que já dura quase dez anos, mais da metade da população vive abaixo da linha de pobreza. Em cada dez adultos, sete são analfabetos, e a expectativa de vida é de cerca de 35 anos.Serra Leoa surgiu como colônia no século 18 para abrigar escravos ingleses emancipados. Transferidos para um lugar desconhecido, os ex-escravos, próximos da cultura européia, desprezavam a população nativa. Transformados em elite e hostilizados pelos africanos, converteram-se em representantes do colonialismo.Os diamantes de Serra Leoa foram descobertos na década de 30, despertando de imediato a cobiça européia. Com a independência em 61, assumiu Milton Margai, do Partido Popular de Serra Leoa (PPSL), simpático aos interesses britânicos. Líder de um governo acusado de corrupto e distante dos interesses do povo, Margai morreu em 64, deixando o poder para seu irmão Albert Margai.Nas eleições de 67, chegou ao poder Siaka Stevens, do Congresso de Todo o Povo (APC). Membros da elite crioula aliaram-se a líderes tradicionais e representantes do interesse neocolonial para depô-lo por meio de um golpe. Siaka retornou ao poder em 68 (Golpe dos Sargentos) e, durante seu governo, nacionalizou a produção de diamantes e estabeleceu um regime de partido único.Com a queda nas exportações na década de 80 somada à inflação elevada e às denúncias de corrupção, o país enfrentou uma onda de manifestações populares. Em 91, forças rebeldes atuando a partir da Libéria, sob o comando de Fodday Sankon, da Frente Revolucionária Unida de Serra Leoa (URF), ocuparam parte do país.Nas eleições de 96, Tejan Kabbah do PPSL foi eleito com 60% dos votos. Militares amotinados depõem Kabbah e libertam guerrilheiros da URF.Mergulhado no caos político e econômico, o país assiste ao crescimento das atividades de contrabando de diamantes. De assassino frio e sanguinário, Sankon se transformou numa alternativa política para chegar à paz.Pressionada, a ONU pensou numa campanha mundial de conscientização para reduzir o consumo de diamantes. Do contrário, a beleza e o luxo continuarão financiando a destruição de Serra Leoa, a materialização do inferno na Terra.


http://historiavermelha.blogspot.com/2007/09/os-diamantes-de-serra-leoa.html




quarta-feira, 1 de abril de 2009

Exploração dos Diamantes na África

Em Freetown, capital de Serra Leoa, o trabalho dos cirurgiões costuma ser mais estressante do que o da Força de Paz da ONU (Unamsil), que na semana passada teve quase 500 de seus soldados sequestrados por rebeldes da Frente Revolucionária Unida (FRU) e estava prestes a entrar em combate com o grupo. Os médicos têm que se desdobrar para amputar mãos, braços ou pernas de um número crescente de homens, mulheres e até crianças cujos membros foram parcialmente decepados a golpes de machado desfechados pelos “guerrilheiros” da FRU. É uma organização de rapina, chefiada por um ex-cabo do Exército e ex-cameraman, Foday Sankoh, que vive do contrabando de diamantes e fez da mutilação, sequestro e estupro de civis inocentes sua marca registrada. Num dos países mais miseráveis do mundo, um dos poucos cuja distribuição de renda é pior do que a do Brasil (leia gráfico), o contrabando de diamantes é o combustível de uma guerra civil que desde 1992 já matou milhares de pessoas e obrigou meio milhão de leoneses a abandonar o país.
Com o fim da Guerra Fria, o comércio ilegal de diamantes se tornou, em meados dos anos 90, uma grande fonte de recursos para Exércitos e guerrilhas numa área de guerras endêmicas da África ocidental, em países como Congo, Angola, Libéria e Serra Leoa. “Ninguém pode guerrear sem dinheiro, e diamantes aqui representam dinheiro”, resume o comprador Willy Kingombe Idi. De fato, naquela parte da África, o contrabando de diamantes vem exercendo um papel que em outras áreas de conflitos, como na América Latina e Ásia, costuma ser dominado pelo narcotráfico. Pesquisadores independentes, como a jornalista britânica Christine Gordon, acreditam que esse tráfico na África ocidental responde por 10% e 15% do total do comércio mundial de diamantes, que somente no ano passado movimentou nada menos que US$ 5 bilhões.
AP
Mutilação nem as crianças ficam livres da sanha assassina dos terroristas
A FRU controla hoje a maior parte das minas de diamantes localizadas na região Leste de Serra Leoa, obtendo lucros de milhões de dólares com a exportação ilegal, principalmente para a vizinha Libéria, liderada pelo ex-rebelde e atual presidente, Charles Taylor. Aliás, o crescimento da FRU coincide com a ascensão de Taylor na Libéria, eleito em 1997. Ele e Sankoh são velhos amigos: ambos receberam treinamento militar na Líbia, iniciaram rebeliões contra os governos de seus países no final dos anos 80 e se ajudaram militarmente. O governo liberiano nega o contrabando, mas, de acordo com dados do Higher Diamond Council, em Antuérpia (Bélgica), o valor das exportações de diamantes brutos de Serra Leoa caiu de US$ 66 milhões para US$ 31 milhões em 1999, ao mesmo tempo que as exportações da Libéria – que não produz diamantes – pularam de US$ 268 milhões para US$ 298 milhões. Estudos recentes indicam que Serra Leoa está perdendo anualmente entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões com o tráfico.
Segundo diplomatas e funcionários da ONU, os comandantes da FRU embolsam uma porcentagem das vendas de diamantes, mas grande parte do dinheiro é usada na compra de armas modernas. A organização Human Rights Watcht afirma que somente em março do ano passado 68 toneladas de armas provenientes da Ucrânia e de Burkina Faso foram entregues aos militantes da FRU. Mas o dinheiro dos diamantes também é utilizado para financiar a campanha eleitoral do líder Foday Sankoh – a eleição presidencial de Serra Leoa está prevista para o próximo ano. A principal razão para o recente recrudescimento do conflito foi a tentativa que a Força de Paz da ONU fez para retomar as áreas de produção de diamantes, conforme previa o acordo de paz assinado entre o governo e os rebeldes em julho do ano passado.
Aos 63 anos, o roliço Foday Sankoh – conhecido como “Papa” – comanda um exército que tem entre 10 mil e 15 mil homens, a maioria recrutada através do sequestro de jovens camponeses, muitos dos quais ainda são adolescentes. A organização foi formada em 1991 por ele e por um grupo de seguidores treinados na Líbia oriundos do movimento estudantil com o objetivo de lutar contra a corrupção institucionalizada do regime de partido único. Hoje, a FRU ainda abriga um minoritário grupo de idealistas pan-africanos, mas a maioria dos militantes, jovens empobrecidos, vê o movimento como simples meio de ganhar a vida. Apesar do discurso “esquerdista” de seu líder (“Os agentes do colonialismo chamados políticos fizeram nosso povo empobrecer. É por isso que nós estamos lutando”), a organização adota métodos da mais pura bandidagem, aterrorizando a população com mutilações, estupros, sequestros e assassinatos. Métodos que, diga-se de passagem, foram ensinados aos africanos no século passado pelo rei da Bélgica Leopoldo II no Congo Belga. Condenado à morte por traição em 1997, o carniceiro Sankoh não apenas foi anistiado com o acordo de paz de 1999 como ganhou o cargo de vice-presidente, e a FRU várias pastas no Ministério. Na segunda-feira 8, a guarda pessoal de Sankoh atacou a multidão que protestava em frente à sua casa em Freetown e matou oito manifestantes. O líder guerrilheiro não foi visto desde então. Seu desaparecimento aumentou os temores de que o infeliz país mergulhe mais uma vez num interminável banho de sangue.